Linha do BNDES a pequena empresa deve estar disponível no fim de junho

Linha do BNDES a pequena empresa deve estar disponível no fim de junho

BNDES facilitará empréstimos a pequenas empresas

O BNDES estima para o fim de junho o início da distribuição do crédito de seu programa para apoiar empreendedores individuais, micro, pequenas e médias empresas durante a crise causada pela pandemia de covid-19. Como envolve empresas de “maquininhas” de cartão, marketplaces e fintechs, a expectativa é a de que a iniciativa consiga trazer mais competitividade ao mercado e, como consequência, reduza as taxas de juros, embora seja implementada três meses após o início do isolamento social.

“Estamos trazendo novos canais de concessão de crédito para o mercado brasileiro. Em havendo uma taxa menor, o banco vai diminuir também”, disse o chefe do departamento de gestão de investimentos em fundos do BNDES, Filipe Borsato, em coletiva on-line ontem.

Uma concorrência foi lançada para receber propostas do mercado para a criação dos fundos de investimento. Serão escolhidos até dez parceiros na distribuição dos recursos ao longo de maio. Após a estruturação dos fundos, no final de junho ou no início de julho os recursos devem estar disponíveis.

Em cada fundo, o BNDES participará com 80% das cotas e os investidores privados, com 20%. Como o banco pretende aportar R$ 4 bilhões, o programa pode atrair mais R$ 1 bilhão. Entre esses investidores, poderão estar as próprias empresas de distribuição, como as “maquininhas” e as fintechs, que também serão as responsáveis por originar o crédito, isto é, identificar os clientes e conceder recursos. Consultadas, as empresas disseram ter interesse em participar do programa, mesmo com os critérios de elegibilidade desafiadores.

“O balanço é da BNDESPar, não tem custo fiscal”, explicou Borsato. “Já o risco será compartilhado na proporção das cotas subscritas.” Segundo Laskowsky, na primeira rodada a intenção do banco é aportar até R$ 500 milhões com cada um dos fundos. “Vamos iniciar dessa maneira e ver o grau de adesão.”

Dois tipos de fundos serão lançados. Em um deles, haverá uma grande empresa originadora do crédito, que tem uma base ampla de clientes, como a empresa de maquininha ou um marketplace. Os créditos serão de até R$ 200 mil e o custo efetivo total, de até 3,5% ao mês. A Cielo disse em nota que tem interesse em participar da distribuição da linha.

Em outra modalidade de fundo, estão as demais fintechs, que poderão emprestar até R$ 200 milhões a cada cliente, a um custo efetivo total de até 4% ao mês. “Ainda que o custo pareça alto, ele é menor do que o cobrado por financeiras, FIDCs e factories”, disse Marcio Berger, presidente da Peak Invest, uma plataforma de crédito para empresas de menor porte.

De maneira geral, na visão das fintechs, o BNDES “subiu a régua” nos critérios de elegibilidade, o que faz sentido se considerado que os empréstimos serão feitos com recursos públicos. Nos fundos mais amplos, que mais fintechs podem participar, as gestoras devem possuir pelo menos R$ 500 milhões sob gestão na classe FIDC ou R$ 1 bilhão no somatório das classes de ativos. Já o grupo originador deve apresentar receita operacional bruta acima de R$ 300 milhões e o compromisso formal de aportar pelo menos R$ 20 milhões em cotas subordinadas.

Representantes de fintechs disseram que um desafio no edital está na proibição de cobrança de uma remuneração pela originação do crédito. As regras exigem que essa receita seja revertida ao próprio fundo. O BNDES explicou que fez isso baseado no princípio de que deve haver alinhamento no investimento e retorno do fundo, com visão de crédito perene e de longo prazo. No entanto, eventualmente, o custo de originação pode ser arcado pelo próprio fundo.

“Essa remuneração é uma das principais formas de receitas das fintechs, que têm custos para originar o crédito”, diz Daniel Gomes, CEO da Nexoos. A empresa pretende montar uma proposta de um fundo entre R$ 200 milhões e R$ 300 milhões. Criada em 2016, a companhia trabalha com o modelo chamado “peer-to-peer” (P2P), que conecta investidores pessoas físicas que querem diversificar suas aplicações a empresários em busca de recursos para viabilizar seus negócios ou fazê-los crescer.

Fonte: https://valor.globo.com/financas/noticia/2020/05/08/linha-do-bndes-a-pequena-empresa-deve-estar-disponivel-no-fim-de-junho.ghtml

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